As pessoas

Tenho a sorte de fazer exactamente aquilo de que gosto, e penso que só isso já me deixa como alguém com uma sorte enorme. Trabalho com pessoas, sobre elas e por vezes através delas sobre mim. É impressionante o que nós somos capazes de viver, mesmo quando nos parece uma tarefa impossível. Amamos, sofremos, lutamos, refilamos, temos medo.
Somos capazes de feitos extraordinários e ao mesmo tempo podemos precisar da luz acesa durante a noite. 
Queremos que gostem de nós mas por vezes esquece-mo-nos de gostar de nós para começar. Parece tarefa fácil mas não é e muitas vezes vamos vivendo toda uma vida sem nos encontrarmos nunca com quem somos. É também destes desencontros que se faz o meu trabalho.
Depois é fascinante conhecer pessoas e perceber de que são feitas as ligações entre elas. São feitas de momentos, de afectos, de cheiros, de imagens, de toques, ...são assim as ligações e cada um de nós tem dentro de si um grande álbum destes pedaços.
Álbuns que estão por vezes completos, outros com páginas vazias, alguns têm imagens desfocadas e outros estão mesmo estragados e desarranjados quer na forma quer no conteúdo.
De tudo isto e de muito mais se faz o meu dia em que me cruzo com pessoas, que me dão o privilégio de me deixar ir entrando no seu mundo interno e cruzar-me com quem lá vive.
havemos de continuar esta conversa.   

É difícil ser gente

É mesmo difícil ser gente. Quero começar por partilhar esta notícia, com todos os que algum dia aqui vierem parar por acaso, ou por destino. Não está fácil ser Gente, Pessoa, Ser Humano. Vivemos num tempo em que estamos perdidos enquanto espécie.
Não vale a pena perguntar ao crocodilo quais são os seus desígnios, pois estão desde o início programados, nem a uma cadeira qual o seu objectivo na vida. Ela saberá que o seu desígnio é ver gente sentar-se nela. Então e nós que andamos perdidos há tanto tempo, como vamos conseguir reencontrar mo-nos  connosco próprios?
Sei melhor pôr perguntas do que dar respostas, mas queria que pudéssemos pensar nisto.